Democracia. Petista diz que as bases do partido precisam ser respeitadas nas escolhas dos candidatos
Interferências de Lula no processo eleitoral em Minas também é criticado
Humberto Santos
A escolha da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, como candidata à Presidência da República pelo PT não é uma unanimidade dentro do partido, mas poucos se arriscam a criticar o processo que definiu seu nome. Mas esse não é o caso da professora mineira e uma das fundadoras do PT, Sandra Starling.
Recentemente em artigo publicado por O TEMPO, Sandra tornou públicas as suas críticas, afirmando que o nome de Dilma Rousseff foi imposto ao PT pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. As declarações causaram impacto ao partido internamente. O deputado federal mineiro Virgílio Guimarães rebateu as críticas em outro artigo, mas ressalvando que a posição dos petistas históricos precisava ser respeitada.
A petista não desistiu de marcar a sua posição, em entrevista para O TEMPO reafirmou que o nome de Dilma foi colocado goela abaixo dos petistas. Ela também criticou a aparição da ministra no programa da apresentadora Luciana Gimenez fazendo ovos. "Dona de casa sabe que omelete não é coisa difícil pra burro de fazer. Eu não sei por que não sou dona de casa. Mas agora a mulher (Dilma) vem fingir que é dona de casa e anuncia que vai fazer bacalhau e que tem que pôr de molho".
Sandra fez questão de ressaltar que as decisões petistas sempre foram tomadas a partir da base e assim deve continuar sendo. Ela também criticou as interferências de Lula no processo de decisão do pré-candidato da base aliada em Minas Gerais. "O Lula não é eleitor aqui em Minas, não é militante aqui, não tem que enfiar a colher de pau", disse. Sobre a sucessão no Estado, Sandra não esconde a sua preferência pelo ministro de Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Patrus Ananias, mas volta a insistir na necessidade de se manter a democracia interna petista e defende as prévias.
Questionada sobre a possível candidatura de José Alencar, Sandra respondeu com muitos elogios ao vice-presidente. "Quando ele foi indicado vice-presidente na primeira vez na chapa do Lula, o PT de Minas ameaçou uma grande vaia e eu defendi a presença dele. Acho que ele é uma pessoa importantíssima. Agora, tenho uma escolha, que não é ele".
Sandra Starling
Professora e fundadora do PT
Qual é a opinião da senhora sobre a escolha da ministra Dilma como pré-candidata do PT? Todos do partido têm uma tese. O PT escolhe candidato por sua base. A Dilma é enfiada goela abaixo. Você vê aqui hoje. Todas as falas se referiram ao processo democrático do PT. Agora, só porque o outro é presidente, vai fazer eu engolir Dilma? Ah, tenha paciência.
Como a senhora avalia a sucessão em Minas? Tenho acompanhado pelas páginas do O TEMPO, cada dia Lula escolhe um não sei quem. Lula não tem que escolher ninguém. O Lula não é eleitor aqui em Minas, não é militante aqui, não tem que enfiar a colher de pau em Minas Gerais não. O PT de Minas tem que escolher. Se for o caso, ter as prévias. Ter prévias é ótimo porque aí a gente pode moldar programa e um bom perfil de candidato. Eu vou fazer campanha para Patrus.
Então a saída são as prévias? Por que não? Eu quando me candidatei ao governo em 1982 tive que ser votada, não fui coroada igual estão querendo coroar a Dilma não. A tradição petista é as pessoas serem escolhidas pelo voto. Então que se faça as prévias sim.
Publicado em: 08/02/2010 Jornal O TEMPO
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