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quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

O retrato da saúde no Brasil

Centro cirúrgico do Hospital de Base para por falta de medicamento

O medicamento serve para reverter anestesia geral. Além disso, a caldeira que esteriliza grande parte do material usado nas operações ficou sem combustível.

O anestésico voltou a ser distribuído ontem mesmo, depois que 14 cirurgias foram canceladas. Pacientes que já estavam internados tiveram que voltar para casa, como a dona de casa Jeonice. Ela chegou a ficar em jejum, mas teve a cirurgia desmarcada em cima da hora.


“Já é a quinta vez que venho e toda vez eles falam: ‘volta na outra semana’. E quando venho, e está tudo marcado, é cancelado”, conta Jeonice Almeida.
Além da falta do medicamento, a caldeira que esteriliza grande parte do material usado nas operações ficou sem combustível. E o óleo diesel, que chegou nessa terça-feira (2), é suficiente para apenas quatro dias.


“Eu acho uma vergonha, porque falta de dinheiro não é. Falta de profissional para trabalhar também não é. É falta de quê? De administração”, critica o aposentado Alfredo de Oliveira.


“Meu esposo está internado há quase um mês e até hoje aguarda a cirurgia. Eu preciso que ele seja operado, mas até hoje nada foi feito. Tem 22 dias que ele está com a coluna quebrada e ainda não foi operado. A gente quer uma solução”, reivindica Maria Cleoneide Ferreira.

José Carlos Quináglia, subsecretário de Atenção à Saúde, participou do DFTV 1ª Edição de hoje e falou sobre a demora na realização de cirurgias e da falta de medicamento no Hospital de Base. Veja a entrevista completa no vídeo acima.

Hospital manda pacientes internados de volta para casa

O caos na saúde pública do DF teve hoje mais um capítulo. Pacientes que já estavam internados no Hospital de Base, para serem operados, foram mandados de volta pra casa.

Meirelúcia Leite está indo embora para casa em conseguir fazer a cirurgia marcada há cinco meses. “Eu vim ontem para ficar internada, mas não tinha leito. Voltei hoje pela manhã, em jejum desde ontem, mas o problema desta vez é que as caldeiras não estão funcionando. E quando voltou a funcionar, não tinha mais medicamento”, conta a estudante.


Jeonice Almeida estava internada no mesmo quarto que Meirelúcia. Ela ficou de jejum desde ontem à tarde. “Toda vez que venho dizem pra voltar na outra semana, na outra semana. Agora, quando venho e está tudo marcado é cancelado”, reclama a dona de casa Jeonice Almeida.


Durante toda esta terça-feira, dia 2, várias pacientes passaram por essa mesma situação. “Vou ter que voltar pra casa sem fazer a cirurgia. Estão esperando eu morrer”, protesta a aposentada Margarida Oliveira.


“Eles falam que vão operar, que vão operar, mas até hoje nada”, diz uma mulher.


É a caldeira que garante a esterilização de grande parte dos materiais utilizados em cirurgias. O vapor que sai pela chaminé permite que roupas e instrumentos não fiquem contaminados.


O problema com a caldeira não é o único para o adiamento das cirurgias. Segundo um cirurgião do Hospital de Base, um medicamento usado para reverter a anestesia geral está em falta há vários dias. De acordo com esse profissional, no Setor de Odontologia, 14 pacientes com fraturas de faces estão internados esperando por uma operação no centro cirúrgico. Alguns, estão há mais de 15 dias.


No fim da tarde, o medicamento chegou ao Hospital de Base e a caldeira voltou a funcionar. Mesmo assim, o diretor do Hospital de Base não sabe quando a agenda de cirurgia será normalizada. Isso porque a fornecedora de combustível para a caldeira não faz entrega regular há um mês.


“Um hospital pode parar por falta de uma caldeira. Se a empresa que ganhou a licitação, que está fornecendo, está passando por alguma dificuldade, não pode cumprir o contrato e se for necessário chamar a segunda empresa daquela licitação para que ela assuma o fornecimento”, explica o diretor Hospital de Base Luiz Carlos Schimin.

Alessandra de Castro / Luiz Gonzaga Pinto

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