quarta-feira, 31 de março de 2010
Sob o controle do PT e da CUT, 40 sindicatos pretendem levar hoje o caos às ruas de São Paulo num suposto protesto do funcionalismo público contra a política salarial do governo do estado. A Palas Athena do movimento é Bebel, a presidente da Apeoesp, sindicato dos professores da rede oficial de ensino, que comanda uma greve-fantasma. Na quinta-feira passada, esta isenta Deusa da Sabedoria dividia o palanque com a candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff. Ambas estavam fazendo campanha eleitoral num outro sindicato, o dos Metalúrgicos do ABC, o que é proibido. A convocação de hoje é inequivocamente do PT, como José Dirceu deixa claro em seu blog (ver post de ontem). Classifiquei o protesto de uma afronta à democracia. Por quê?
“Trabalhadores não podem protestar e pedir melhores salários?”
Claro que sim! Ocorre que os sindicatos estão servindo apenas para “lavar” uma arruaça promovida pelo PT contra a candidatura de José Serra à Presidência da República. O tucano lidera todas as pesquisas de intenção de voto. E os partidários de Dilma Rousseff pretendem mudar isso. Atenção! É legítimo que queiram inverter o jogo! Não estou condenando o PT por fazer política; eu o estou condenando por tentar matar a política!
O partido está manipulando a causa de categorias profissionais e colocando-a a serviço de uma candidatura. Eu estou acusando o partido de promover uma espécie de comício antecipado às avessas: um comício anticandidato!!! E isso é uma violência contra o processo democrático. Se as instituições brasileiras passarem a condescender com essas práticas — e é um escândalo que o Ministério Público não tenha dado um pio até agora —, estaremos marchando, sim, para uma espécie de fascismo modernizado
Ora, José Dirceu deixa claro em seu blog: a manifestação de hoje é partidária, não sindical. Como partidária foi a convocação para promover baderna ontem na inauguração do Rodoanel. Exibi aqui o documento, vazado naquela língua muito particular, mas de sentido claro. Isso lembra uma tropa de assalto à democracia. Que importa que suas camisas, ou suas bandeiras ao menos, sejam vermelhas? Eles são como os “camisas negras” de Mussolini. Até porque a diferença entre o socialismo e os vários fascismos, incluindo o alemão (nazismo), não é de substância, mas de modo de organizar a sociedade totalitária. Como bem notou Jonah Goldberg no livro Fascismo de Esquerda, os fascistas perseguiram os comunistas menos por suas diferenças do que por suas semelhanças. A matriz é a mesma.
Dirceu, Bebel e, indiretamente, Dilma Rousseff — que dividiu palanque com a chefona da Apeoesp — estão convocando a “Marcha Sobre São Paulo”, evocando aquela que Mussolini liderou em Roma em 1922, à frente de 26 mil (!) militantes e que acabou resultando no convite para que formasse o governo. A gente sabe aonde aquilo foi dar. É evidente que a intenção é associar o candidato da oposição ao caos, à anarquia, à desordem que eles próprios promovem. É evidente que a intenção é provocar a polícia para caracterizar o exercício da lei e da autoridade como truculência, enquanto a truculência é chamada de “reivindicação”. É evidente que se está tentando arrumar um “mártir” para a causa para tentar “resolver” as eleições fora da urna!
O PT tem todo o direito de fazer política, reitero, e de tentar alavancar o nome de sua candidata. Mas tem de fazê-lo, como os demais partidos, dentro da lei. Não pode tornar a cidade refém de sua ação política; não pode tentar cassar, na base da truculência, o direito legítimo de um adversário apresentar o seu pleito. Observem: o partido não está convocando um comício em defesa de sua candidata — até porque isso, agora, seria proibido. Ele está convocando um comício contra a candidatura adversária, o que, obviamente, caracteriza propaganda eleitoral antecipada. Igualmente ilegal é uso da estrutura dos sindicatos em favor de uma causa eleitoreira. Direitos coletivos estão sendo desrespeitados em favor de uma causa confessadamente político-eleitoral.
Os Inciso II e III do Artigo 129 da Constituição deixa claro a quem compete agir imediatamente:
Art. 129. São funções institucionais do Ministério Público:
II - zelar pelo efetivo respeito dos Poderes Públicos e dos serviços de relevância pública aos direitos assegurados nesta Constituição, promovendo as medidas necessárias a sua garantia;
III - promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos;
A Justiça Eleitoral, que atua quando provocada, já foi chamada a se posicionar sobre a assumida politização do que se apresenta, sem ser, como “movimento sindical”. Cumpre agora ao Ministério Público Federal, que pode reagir ao corte de uma árvore — e não estou sugerindo que não o faça — que reaja ao corte de direito de pessoas, que estão sendo prejudicadas porque os petistas decidiram atar o candidato da oposição… Não! Não sou eu a atribuir objetivos político-eleitorais ao protesto; são eles próprios!
À Polícia Militar
Que a força cumpra a sua tarefa e procure preservar os direitos constitucionais do conjunto dos paulistanos. Mas que fique atenta! As causas “companheiras” costumam precisar de mártires. Historicamente, é o sangue dos inocentes — especialmente de inocentes úteis que nem sabem direito por que estão no front — que irriga a luta dessa gente. As causas da esquerda, mesmo dessa esquerda que está aí, não teriam sobrevivido aos milhões de cadáveres que elas mesmas produziram se não erigissem sobre a montanha de corpos um edifício de mentiras.
Vão tentar parar a cidade; vão partir para cima dos policiais; vão provocar. Querem o famoso “quanto pior melhor”. Parte de seu objetivo eles já sabem garantido: vão dividir a primeira página dos jornais, que se transformam em propagandistas do movimento, com a despedida de Serra do governo. Mas isso é muito pouco. Eles precisam de mais. Com muita sorte, carregarão um corpo em cortejo; seria um verdadeiro troféu para a tropa de assalto à democracia.
E não custa lembrar: a campanha eleitoral nem começou.
Por Reinaldo Azevedo
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