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terça-feira, 31 de agosto de 2010

DILMA MENTE NOVAMENTE

Em entrevista concedida ao ‘Jornal da Globo’, Dilma Rousseff afirmou que Lula participou da negociação que levou à libertação de presos políticos de Cuba.

Mais que isso, a presidenciável petista disse que seu cabo eleitoral foi “responsável pela soltura”. Trata-se de uma declaração no mínimo controversa.

O mundo ficou sabendo no dia 8 de julho que Cuba decidira soltar, até outubro, 52 prisioneiros de consciência. Atribuira-se a novidade a dois fatores:

1. O êxito de uma negociação que a Igreja Católica abrira com a ditadura da ilha caribenha havia meses.

2. O constrangimento a que Cuba vinha sendo submetida graças à repercussão mundial da greve de fome de quatro meses do dissidente Guillermo Fariñas.

No dia seguinte, 9 de julho, Lula comentaria o fato. Realizava um giro pela África. Estava no último estágio da viagem, em Johannesburgo.

Em entrevista, o presidente classificou o acordo de “ótimo”. Disse ter recebido a informação com “alegria” e “felicidade”.

Na véspera, o chanceler Celso Amorim e o assessor internacional da Presidência, Marco Aurélio Garcia, haviam insinuado que o Brasil participara das tratativas.

No dizer de Marco Aurélio Lula fizera "gestões discretas" quando estivera em Havana, no mês de fevereiro.

Porém...

Porém, o própria Lula transformaria as insinuações em pó ao informar aos repórteres que não estava a par das negociações da Igreja com o regime cubano.

Com as declarações da noite passada, Dilma devolve ao noticiário uma versão que o próprio presidente refugara há mais de um mês.

Os comentários da candidata foram feitos em resposta a uma questão sobre a comparação infeliz que Lula fizera.

O presidente equiparara os presos políticos de Cuba aos bandidos recolhidos às cadeias de São Paulo.

Perguntou-se a Dilma se, como ex-prisioneira política da ditadura brasileira, ela concordava com a analogia construída por Lula.

Ela saiu em defesa do patrono. Disse que sua “trajetória política e de vida” derrubam a versão de que “ele não lutou a vida inteira pelos direitos humanos”.

Depois, emendou: “O Brasil é responsável pela soltura dos presos políticos de Cuba”.

Sem descer a detalhes, disse que Lula e o Itamaraty realizaram “tratativas”. Coisa feita, segundo disse, “de forma discreta”.

Mais adiante, acrescentou: “Não acho correto [...] falar que o presidente tomou uma atitude errada nesse episódio”.

E repisou: “O presidente, eu vou repetir, foi o responsável, um dos, pela soltura dos presos políticos cubanos”.

De duas uma: ou o governo desdiz Lula e demonstra qual foi a participação brasileira no episódio ou Dilma passará por propagadora de uma inverdade.

Noutro trecho da entrevista, Dilma foi inquirida sobre a guerrilha colombiana: Por que hesita em chamar as Farc de narcoguerrilha?

E ela: “Jamais hesiteiem chamar”. Disse que, além dela, governo Lula acha que as Farc tem ligação com “o crime organizado e o tráfico de drogas”.

Nesse ponto, disse ter lido, no domingo, uma entrevista do novo presidente da Colômbia Juan Manuel Santos.

Realçou que ele próprio admitira que, como ministro da Defesa do antecessor Alvaro Uribe, dialogara com as Farc.

E acrescentou: “No Brasil, a gente tem que perder essa visão conspiadora. Se não conversar, você não consegue, inclusive, a paz”.

Perguntou-se também a Dilma se o deputado cassado José Dirceu participará de seu eventual governo. Ela poderia ter dito não. Mas preferiu rodear.

“Não tenho discutido futuro governo. Por uma questão de respeito à população. Para começar a discutir governo, teria que estar eleita. É preciso respeitar o voto do povo”.

Aproveitou para alfinetar Serra, que a acusara de “sentar na cadeira antes da hora”. Evocando FHC, disse: quem foi à poltrona antes do prazo foi “um ex-presidente”.

Pergintou-se à candidata como pretende se livrar da pecha atribuída a Lula de ter apinhado a máquina estatal de “militantes”.

Dilma repetiu o lero-lero segundo o qual só pretende nomear “políticos que tenham competência técnica”.

Voltou a negar que pretenda fazer um ajuste fiscal. Rechaçou a acusação de envolvimento na queba de sigilo do IR de tucanos.

Disse que é o PSDB quem tem tradição nessa matéria. Nem por isso, disse, acusa Serra.

Movimento Ordem e Vigília Contra a Corrupção


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