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terça-feira, 31 de maio de 2011

Hipocrisia na ponta da língua... portuguesa

do A Casa da Mãe Joana de Jurema Cappelletti

NOVA LÍNGUA PORTUGUESA

Enviado por Aluizio Siqueira

Desde que os americanos se lembraram de começar a chamar aos pretos 'afro-americanos', com vista a acabar com as raças por via gramatical, isto tem sido um fartote pegado!

As criadas dos anos 70 passaram a 'empregadas domésticas' e preparam-se agora para receber a menção de 'auxiliares de apoio doméstico' .

De igual modo, extinguiram-se nas escolas os 'contínuos' que passaram todos a 'auxiliares da ação educativa'.

Os vendedores de medicamentos, com alguma prosápia, tratam-se por 'delegados de informação médica'.

E pelo mesmo processo transmudaram-se os caixeiros-viajantes em 'técnicos de vendas '.

O aborto eufemizou-se em 'interrupção voluntária da gravidez';

Os gangs étnicos são 'grupos de jovens'

Os operários fizeram-se de repente 'colaboradores';

As fábricas, essas, vistas de dentro são 'unidades produtivas'e vistas da estranja são 'centros de decisão nacionais'.

O analfabetismo desapareceu da crosta portuguesa, cedendo o passo à 'iliteracia' galopante.

Desapareceram dos comboios as 1.ª e 2.ª classes, para não ferir a susceptibilidade social das massas hierarquizadas, mas por imperscrutáveis necessidades de tesouraria continuam a cobrar-se preços distintos nas classes 'Conforto' e 'Turística'.

A Ágata, rainha do pimba, cantava chorosa: «Sou mãe solteira...» ; agora, se quiser acompanhar os novos tempos, deve alterar a letra da pungente melodia: «Tenho uma família monoparental...» - eis o novo verso da cançoneta, se quiser fazer jus à modernidade impante.

Aquietadas pela televisão, já se não vêem por aí aos pinotes crianças irrequietas e «terroristas»; diz-se modernamente que têm um 'comportamento disfuncional hiperactivo'.

Do mesmo modo, e para felicidade dos 'encarregados de educação' , os brilhantes programas escolares extinguiram os alunos cábulas; tais estudantes serão, quando muito, 'crianças de desenvolvimento instável'.

Ainda há cegos, infelizmente. Mas como a palavra fosse considerada desagradável e até aviltante, quem não vê é considerado 'invisual'. (O termo é gramaticalmente impróprio, como impróprio seria chamar inauditivos aos surdos - mas o 'politicamente correto' marimba-se para as regras gramaticais...)

Para compor o ramalhete e se darem ares, as gentes cultas da praça desbocam-se em 'implementações', 'posturas pró-ativas', 'políticas fraturantes' e outros barbarismos da linguagem.

E assim linguajamos o Português, vagueando perdidos entre a «correcção política» e o novo-riquismo linguístico.

Estamos lixados com este 'novo português'; não admira que o pessoal tenha cada vez mais esgotamentos e stress. Já não se diz o que se pensa, tem de se pensar o que se diz de forma 'politicamente correta'.

E falta ainda esclarecer que os tradicionais "anões" estão em vias de passar a "cidadãos verticalmente desfavorecidos"...

Os idiotas e imbecis passam a designar-se por "indivíduos com atitude não vinculativa"

Os negros passaram a ser pessoas afro-brasileiros.

Os gordos e os magros passaram a ser pessoas com disfunção alimentar.

Os mentirosos passam a ser "pessoas com muita imaginação"

Os que fazem desfalques nas empresas e são descobertos são "pessoas com grande visão empresarial mas que estão rodeados de invejosos"

Para autarcas e políticos, afirmar que "eu tenho impunidade judicial", foi substituído por "estar de consciência tranquila".

O conceito de corrupção organizada foi substituído pela palavra "sistema".

Difícil, dramático, desastroso, congestionado, problemático, etc., passou a ser sinónimo de complicado.

Um pequeno acréscimo:

Deficientes físicos, que foram desprezíveis paralíticos um dia,  passaram a ser chamados de cadeirantes, sob a compreenssível alegação de que deficiente físico pode ser até mesmo quem não tem um dedinho na mão.

Algumas 'empregadas domésticas',  atuais  'auxiliares de apoio doméstico,  sofrem os efeitos de uma hipocrisia ainda maior.  São chamadas  por suas digníssimas patroas  de  'minha secretária".  Sendo que uma conhecida, mesmo sendo  'secretária', veste uniforme com avental e é tratada com um distanciamento assustador.   É bem melhor ser empregada de outra patroa do que ser a secretária dela.

PIADINHA DE FIM DE PÁGINA:
A patroa flagra a empregada tomando seu licor importado, caríssimo, e diz:
- Eu não gosto nada disso, Maria!
- Ah, então a senhora não sabe o que está perdendo...
http://www.bacaninha.com.br/

Um comentário:

  1. Graça e paz !!!

    No meio cristão também é assim, não usamos mais a palavra "pecado", substituímos por "problema":
    "Estou com um problema no meu casamento".

    O cristão na cara-de-pau, usa a palavra problema no lugar de pecado, é mais ameno, é mais aceitável, e não requer arrependimento apenas uma solução ou adequação de ponto de vista.

    LAMENTÁVEL !!!

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