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segunda-feira, 29 de março de 2010

Farra eleitoreira - Bateau Mouche do Medeiros

 

Sindicalistas bancam festa para secretário em três barcos no Paranoá

 

JULIANNA SOFIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA


A antiga "companheirada" dos sindicatos, identificada como uma das novas elites emergentes da era Lula, celebrou ao melhor estilo brasiliense a despedida de um de seus expoentes do governo na madrugada de ontem.

O ex-sindicalista e quase ex-secretário de Relações do Trabalho, Luiz Antonio Medeiros, levou 150 convidados para uma festa em três barcos no lago Paranoá, devidamente apelidados de "Bateau Mouche do Medeiros".

Medeiros deixa na próxima semana a secretaria no Ministério do Trabalho para disputar o cargo de deputado federal pelo PDT de São Paulo. A secretaria é o elo do governo com o mundo sindical, e tem entre suas atribuições dar o registro a novas entidades.

O "Bateau Mouche do Medeiros", alusão de mau gosto dos convidados ao barco que naufragou no Rio, em 1988, foi bancado por uma "vaquinha" que reuniu funcionários terceirizados, servidores públicos e assessores do Ministério do Trabalho, além de líderes de centrais sindicais e confederações empresariais. A cota paga por assessor especial, por exemplo, foi de R$ 120.

O programa no Paranoá é típico entre os novos-ricos da cidade. Os barcos alugados oferecem coquetel, mesa de frios e caldos, e bebidas (refrigerantes, cerveja, vodca). Tem ainda bar, pista de dança, música ao vivo e show de fogos.

Os convidados são levados para um passeio pelo lago que dura quatro horas, com paradas em pontos turísticos. "Custa menos que uma festa de criança. Cerca de R$ 8.000", disse o proprietário do Imagination, Marlon de Almeida. A expectativa de lotação levou os organizadores a fretarem mais dois barcos: Netuno e Lua Azul.

"Esse evento foi organizado pelos funcionários, não estou sabendo de nada", desconversou Medeiros ao ser questionado pela Folha sobre a festa. Também disse não estar certo de sua candidatura.

Na festa de ontem, o tour pelo Paranoá foi abreviado. Muitos convidados levaram a sério o apelido de "Bateau Mouche", entre eles o ministro do Trabalho, Carlos Lupi. Acabaram pedindo ao capitão para deixar o passeio para mais tarde e foram embora antes de os barcos zarparem. "Esse negócio é mesmo um barco amarrado no outro? Isso é seguro", perguntava Lupi.

Lupi discursou: "Medeiros foi um presente que os deuses colocaram no meu caminho". O secretário ganhou flores e um quadro com sua caricatura. Um vídeo com cenas da rotina de Medeiros e depoimentos foi projetado em meio aos discursos de elogio.

Alguns convidados usavam camiseta com a foto de Medeiros e a frase: "Uma vida dedicada à negociação".

No final da noite, enquanto os mais animados se aglomeravam na pista de dança, em outro barco rolava um karaokê com direito a uma interpretação de "Fuscão Preto". Era o pedetista e ex-superintendente da Delegacia do Trabalho do Paraná João Alberto Graça.

FOLHA DE SÃO PAULO 26/03/2010

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