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sábado, 30 de janeiro de 2010

Carta de uma portuguesa a Maitê Proença.

 


Maitê Proença disse no programa "Saia Justa" umas gracinhas sobre a inteligência dos portugueses. O programa passa em Portugal e causou um grande mal estar lá na terrinha. Uma portuguesa deu-lhe a merecida resposta. E AGORA???


Exma. Senhora:Foi com indignação que vi a ‘peça cómica’ que fez em Portugal e passou no programa Saia Justa em que participa. Não que me espante que o tenha feito – está à altura da imagem que há muito tenho de si, pelo que me tem sido dado ver pelos seus desempenhos – mas sim pelo facto da TV Globo ter permitido que tal ignorância fosse para o ar.Só para que possa, se conseguir, ficar um pouco mais esclarecida:A ‘vilazinha’ de Sintra é património da Humanidade, classificada pela UNESCO e unanimemente reconhecida como uma das mais belas e bem preservadas cidades históricas do mundo;


Em Portugal, onde existem pessoas que olham para o mouse do seu computador como se de uma capivara se tratasse, foi onde foi inventado o serviço pré-pago de telefones móveis (os celulares) – não existia nenhum no mundo que sequer se aproximasse e foi também o que inventou o sistema de passagem nas portagens (pedagios, se preferir), sem ter que parar – quando passar por alguma, sem ter que ficar na fila, lembre-se que deve isso aos portugueses.


É um dos países do Mundo com maior taxa de penetração de computadores e serviços de internet em ambiente doméstico. É o único país do mundo onde TODAS as crianças que frequentam a escola têm acesso directo a um computador (no próprio estabelecimento de ensino) – e em Portugal TODAS as crianças vão à escola.. Muitas delas até têm um computador próprio, para seu uso exclusivo, oferecido ou parcialmente financiado pelo Ministério da Educação – já ouviu falar do Magalhães? É natural que não... mas saiba que é uma criação nossa, que está a ser adquirida por outros países. Recomendo-o vivamente – é muito simples e adequado para quem tem poucos conhecimentos de informática.

 

magalhaes2_i20

Magalhães 2

A nova versão do computador portátil Magalhães, o MG2, poderá ser adquirida a partir da meia-noite de hoje, por um preço de 329 euros ou 399 euros.
O MG2 vem equipado com o novo sistema operativo da Microsoft, o Windows 7, e estará disponível em duas versões: uma que custará 329 euros e uma edição especial, com uma capacidade de armazenamento de 160 gigabytes (GB), que poderá ser adquirida por 399 euros.
O novo computador “é um portátil leve, resistente ao choque e de pequenas dimensões, concebido especialmente para os jovens estudantes”, diz a JP Sá Couto.
A primeira versão do computador “Magalhães”, apresentada em Julho de 2008 e produzida em parceria pela multinacional Intel e pela portuguesa JP Sá Couto, foi distribuída nas escolas portuguesas aos alunos do ensino básico, no âmbito do programa e.escolinhas.
De acordo com dados divulgados pelo Ministério da Educação em Setembro, inscreveram-se no programa no ano lectivo passado 407.701 alunos do ensino básico, tendo o computador sido entregue a 396.027 estudantes de escolas públicas e privadas do continente.
A JP Sá Couto já anunciou que vai enviar até ao final do ano para a Venezuela 350 mil computadores “Magalhães” e tem uma parceria com uma empresa dos Emirados Árabes Unidos para estudar a forma de conceber um projecto adequado à federação, com cerca de 300 mil crianças a frequentar o primeiro ciclo.
fonte: Agencia Lusa

 


Somos tão inovadores em matéria de utilização de tecnologia informática e web nas escolas, que o nosso caso foi recomendado por especialista americanos, como exemplo a seguir, a Barack Obama, que é só o Presidente dos Estados Unidos – ao Sr. Lula da Silva tal não seria oportuno, porque ele considera que a Escola não é determinante no sucesso das pessoas (e, no Brasil, a julgar pelo próprio, tem toda a razão).


A internet à velocidade de 1 Mega, em Portugal há muito que é considerada obsoleta – eu percebo que não entenda porquê, porque no Brasil é hoje anunciada como o grande factor diferenciador a transmissão por cabo que já não nos interessa. Já estamos noutra – estamos entre os países do mundo com a rede de fibra óptica mais desenvolvida.E nesse contexto 1 Mega é mesmo uma brincadeira.


O ditador a que se refere – o Salazar – governou, infelizmente, ‘mais de 20 anos’, mas para a próxima, para ser mais precisa, diga que foram 48 (INFELIZMENTE, é mais do dobro de 20). Ainda assim, e apesar do muito dano que nos causou a sua governação, nós, portugueses, conseguimos em 35 anos reduzir praticamente a ZERO a taxa de analfabetos e baixar para cifras irrisórias o nível de mortalidade infantil e de mulheres no parto onde estamos entre os melhores do mundo..


Criar uma rede viária que é das mais avançadas do mundo – em Portugal, sem exceder os limites de velocidade e sem correr risco de vida, fazemos 300 km em duas horas e meia (daria tanto jeito que no Brasil também fosse assim!).


Melhorar muito o nível de vida das pessoas, promovendo salários e condições de trabalho condignos. Temos ainda muito para fazer nesta matéria, mas já não temos pessoas fechadas em elevadores, cuja função é apenas carregar no botão do andar pretendido – cada um de nós sabe como fazê-lo e aproveitamos as pessoas para trabalhos mais estimulantes e úteis; também já não temos trabalhadores agrícolas em regime de escravatura – cada pessoa aqui tem um salário, não trabalha a troco de um prato de comida.


Colocar-nos na vanguarda mundial das energias renováveis, menos poluentes, mais preservadoras do planeta; enquanto uns continuam a escavar petróleo, nós estamos a instalar o maior parque de energia eólica do mundo (é a energia produzida a partir do vento).


Poderia também explicar-lhe quem foi Camões, Fernando Pessoa, etc., cujos túmulos viu no Mosteiro dos Jerónimos, mas eles merecem muito mais.


Ah!, já agora, deixe-me dizer-lhe também que num ponto estou muito de acordo consigo: temos muito pouco sentido de humor. É verdade. Não acharíamos graça nenhuma se tivéssemos deputados a receber mesada para votarem num certo sentido, não nos divertiria muito se encontrassem dirigentes políticos com dinheiro na cueca, não nos faria rir ter senadores a construir palácios megalómanos à conta de sobre-facturação do Estado, não encontramos piada quando os políticos favorecem familiares e usam o seu poder em benefício próprio. Ficaríamos, pelo contrário, tão furiosos, que os colocaríamos na cadeia. Veja só – quanta falta de humor! Mas, pelo contrário, fazem-me rir as sessões plenárias do senado brasileiro. Aqui em Portugal , e estou certa que em toda a Europa, tal daria um excelente programa de humor.


Que estranho não é?!


Para terminar só uma sugestão: deixe o humor para quem no Brasil o sabe fazer com competência (e há humoristas muito bons no Brasil). Como alternativa, não sei o que lhe sugerir, porque ainda não a vi fazer nada que verdadeiramente me indicasse talento... Peço desculpa por não poder contribuir.


Mafalda Carvalho .
Centauro Gaucho.
Por e-mail.

Um comentário:

  1. Olá Mafalda,

    Gostaria que os portugueses não encarassem a postura da tal atriz como se fosse a adotada por nós brasileiros.
    Afinal, existem brasileiros e "brasileiros".

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